sexta-feira, 7 de maio de 2010

Diário Perdido - novo longa francês


Diário Perdido" é um filme delicado que trata da relação de três mulheres, de gerações distintas: mãe, filha e avó. Ao visitar os pais na sua cidade natal, na França, Audrey (Marina Hands), que vive em Toronto há 10 anos, descobre o diário de sua avó Louise (Marie-Josée Croze), a única lembrança de uma mulher que abandonou sua família cerca de 50 anos antes. A busca de Audrey por compreensão, revela um segredo familiar guardado em silêncio pelos anos, que vai, em última instância, aclarar a relação que tem com a mãe, Martine (Catherine Deneuve).

Bom, esta é a sinopse do filme que assisti sábado passado.

A história é essa, mas o tema central do filme é o autoconhecimento. Ao buscar respostas no sumiço da avó, a protagonista Audrey, está, na realidade, procurando se entender e compreender as suas escolhas e opções de vida. Audrey é uma mulher bonita e bem sucedida no trabalho. Sua vida pessoal, entretanto, é subestimada por ela mesma. Audrey não acredita ser capaz de vivenciar uma relação amorosa, não tem namorado ou marido e encontra-se grávida de um amigo, com quem transa eventualmente. E nem a questão da maternidade, ela encara bem. Nossa heroína pensa em aborto por não se achar preparada para cuidar de uma criança sem ter que abandonar sua carreira, que é o que lhe traz segurança emocional. Nem mesmo o fato de o pai da criança estar disposto a colaborar, dá coragem à Audrey, que permanece insegura.

Toda essa dificuldade em lidar com emoções da nossa protagonista vai sendo explicada à medida que a história de sua avó vem à tona.

Além disso, "Diário Perdido" apresenta a melancolia silenciosa de Martine, vivida por Catherine Deneuve em uma atuação espetacular. Martine é uma mulher de mais de 60 anos, casada com um marido apaixonado, dona de uma carreira bem sucedida e bonita. No entanto, nada disso a torna menos amarga. Todo o seu contato com os outros é carregado de rancor e por isso ela é incapaz de ser gentil e amável. Ao longo do filme, vemos que este problema se deve ao fato de Martine ter sido abandonada pela mãe, em tenra idade. E o pior para ela, abandonada sem nenhuma explicação. Daí a razão do rancor de Martine e de ela estar sempre "de mal com a vida".

Graças ao trabalho de sua filha, Audrey, em resgatar o passado da avó, Martine se liberta de muitos dos seus fantasmas e se torna um pouco mais leve. Toda a narrativa do filme vem mostrar a importância das relações familiares em nossa vida. Muitas vezes, mais importantes do que podemos supor.

Como já era de se esperar de um filme francês, o final não tem o típico "happy end", no qual os conflitos de todos os personagens são resolvidos. Mesmo assim, há o vislumbre de que os personagens estão no caminho certo para sua felicidade.

Filme inspirador e muito bonito. Vale a pena ver!

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