segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Televisão Onipresente



Ontem, no fim da tarde, fui ao Zona Sul, da rua Carlos Góes, comer uma pizza com um amigo. Ao chegarmos lá, fizemos o pedido e nos sentamos em uma das poucas mesinhas da parte do supermercado destinada à pizzaria. Não deu nem tempo de iniciarmos uma conversa, pois logo fomos invadidos pelo som e imagem do jogo do Flamengo e Botafogo que provinha da enorme TV de tela plana que fica "estrategicamente" posicionada na área das mesas, que já é mínima.

Para piorar a situação, era jogo de final do Campeonato Carioca e parece que todo mundo estava parando bem na nossa frente para acompanhar a transmissão que a televisão "gritava". O volume estava altíssimo. A intenção do supermercado deve ser de que todo mundo que faça compras consiga ouvir a TV!

A princípio, até ficamos uns bons cinco minutos que nem dois bobocas, olhando para a tela. Mas logo em seguida, nos viramos de costas para o eletrodoméstico, porque, afinal, fomos lá para comer pizza e conversar e não para assistir televisão.

Infelizmente, este é apenas um exemplo de dia e local em que a TV impera com sua onipresença. Atualmente, bares, restaurantes, clubes, repartições públicas, supermercados, bancas de jornal, entre tantos outros locais de convívio público, todos ostentam com orgulho sua TV. Dá a impressão de que quanto maior e com o volume mais alto, melhor!

É preciso ressaltar que não tenho nada contra TV. Assisto e gosto de muitos programas. Entretanto, acredito que a televisão continua sendo um eletrodoméstico, que como o próprio nome diz, se destina ao ambiente doméstico. E neste ambiente cada pessoa vai escolher o que ver, em que horário e em qual volume!

O que acho absurdo é sair de casa e ser obrigada a conviver com a televisão em todos os ambientes públicos. Já não se tem mais o direito de sair à rua para espairecer, ver gente e se desligar do ambiente doméstico, que, em muitos casos, já é impregnado de televisão.

Todos temos que ser meros espectadores, 24 horas por dia. Muito bem cantaram os geniais Tribalistas: "Não tenho paciência para televisão. Eu não sou audiência para a solidão(...)". Pois é, na rua, eu faço coro à eles. Já não se pode mais curtir a companhia de outra pessoa, temos todos que ficar voltados para nossa individualidade de frente para a onipresente TV.

Ainda na pizzaria, tentando comer a pizza e conversar, em meio ao ruído e à interferência desagradável da TV, eu e meu amigo começamos a nos lembrar da quantidade de locais que, hoje em dia, nos impõem a televisão. Eu lembrei do outrora agradável Diagonal, localizado no baixo Leblon, clássico reduto da boêmia carioca, que agora nos obriga a ouvir as brincadeiras sem graça do Faustão quando o que queríamos era só almoçar com amigos, família ou na nossa própria companhia. Ele lembrou de um açougue, também no Leblon, que também tem a sua TV.

Nós dois, que tínhamos acabado de voltar da praia, suspiramos aliviados: "Que bom, pelo menos, temos a praia livre deste mal!". Mas, rapidamente, meu amigo emendou: "Que nada, em breve, até as praias vão ostentar suas TVs...". Ops, espero que ele esteja errado.

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